Madeira: uma catástrofe natural já antes prevista


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A Madeira sempre teve uma particular vulnerabilidade à ocorrência de cheias, que, frequentemente assumem características de cheias repentinas (flash floods).

Na imprensa discute-se sobre responsabilidades, falta de ordenamento ou de previsão.

Mas, afinal já se sabia, há muito, que a catástrofe natural iria acontecer. Mais, sabia-se e sabe-se que irá acontecer mais vezes. Podem ler e confirmar em baixo, nos excertos do

 PLANO REGIONAL DA ÁGUA DA MADEIRA - RELATÓRIO TÉCNICO:
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PLANO REGIONAL DA ÁGUA DA MADEIRA (PRAM) - RELATÓRIO TÉCNICO:
PREVENÇÃO DE RISCOS NATURAIS E INDUZIDOS PELA ACTIVIDADE HUMANA (pp.196)

O efeito combinado das condições morfológicas, em particular do relevo da superfície e, consequentemente,
dos vales dos cursos de água, e das condições meteorológicas, com ênfase para o regime de precipitações que propicia a ocorrência de precipitações com curtas durações e intensidades excepcionais, traduz-se numa particular vulnerabilidade da Região Autónoma da Madeira, designadamente da Ilha da Madeira, à ocorrência de cheias, que, frequentemente assumem características de cheias repentinas (flash floods).

As consequências nefastas de tais ocorrências resultam potenciadas devido à insuficiente manutenção das condições de escoamento em alguns dos cursos de água a que, no caso dos principais, se associa por vezes uma ocupação intensa das margens e zonas adjacentes. As
zonas críticas em termos de inundações localizam-se predominantemente no litoral onde o crescente
desenvolvimento sócio-económico resultou na ocupação urbana e industrial de áreas marginais aos cursos de água, por vezes em leito de cheia, em alterações no uso do solo associadas àquela.


PLANO REGIONAL DA ÁGUA DA MADEIRA (PRAM) - RELATÓRIO TÉCNICO:
RISCOS DE INUNDAÇÕES ASSOCIADAS À PRECIPITAÇÃO (pp. 84)

A área do PRAM apresenta uma elevada vulnerabilidade a inundações, em resultado das condições meteorológicas adversas que por vezes ocorrem e das características geomorfológicas do território.

Estes factores condicionam o escoamento das águas de precipitação, em regime torrencial, na maior parte dos cursos de água cuja capacidade de vazão se revele insuficiente por ocasião de precipitação intensa nas bacias hidrográficas, provocando inundações em áreas adjacentes ou marginais.

Assim, a ocorrência de cheias intensas rápidas, associadas a caudais sólidos abundantes, introduz um factor de risco importante na protecção das populações contra cheias, em particular nas zonas costeiras onde a influência do mar também se pode fazer sentir e diminuir a
capacidade de vazão em secções críticas dos leitos.

Os episódios de cheias e inundações apresentam uma abrangência espacial em toda a ilha, sobretudo nos trechos terminais das principais ribeiras, sendo as vertentes sul e sudoeste da Ilha da Madeira as mais frequentemente fustigadas.

As situações de maior risco de cheia localizam-se nas passagens à beira-mar junto aos leitos das ribeiras.

Os locais onde esta ocorrência se tem verificado com maior frequência são a baixa do Funchal (ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes), ribeira Brava, ribeira da Madalena e dos Socorridos, Machico e Santa Cruz, na vertente Sul; e ribeira de São Vicente, ribeira Seca,
ribeira da Metade e ribeira de Maçapez, na vertente Norte.

Na área do Funchal, têm-se verificado intervenções importantes na protecção das populações através da construção de muros de contenção das águas nas margens das ribeiras.

Porém, observa-se novos estrangulamentos dos cursos de água para alargamento de estradas.

É importante a continuação dos programas de limpeza dos cursos de água, eliminação dos estrangulamentos dos mesmos, sensibilização dos agricultores, florestação e desenvolvimento de sistemas de aviso de cheias.



FONTE:
Plano Regional da Água da Madeira. Relatório Técnico - Versão para Consulta Pública
Planos Regionais da Água - PRA

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