Entre 30-40% da classificação desde teste dependia da análise de uma imagem, que, pelo menos no teste que eu vi, não se compreendia. Se a qualidade desta imagem tivesse sido pelo menos aceitável, os resultados de uma parte da turma poderiam ter sido bem melhores. Esperemos que o mesmo se não volte a passar no 2º teste do período."
Anónimo no Comentário de "7b Notas do Primeiro Teste" (27/11/2006). In Geografismos, http://geografismos.blogspot.com/2006/11/7b-notas-do-primeiro-teste.html
Este comentário de um hipotético pai preocupado com a legibilidade do primeiro teste de geografia é útil e agradeço a preocupação - tomara nós que todos os pais acompanhem, trabalhem com os seus filhos e sejam preocupados, no essencial ou no acessório mas preocupados.
Começo pelos esclarecimentos ao teste:
1. Os elementos menos claros na fotocópia da imagem são três: um «céu nublado», um «arbusto» e «casas, prédios ou ruas» na colina ao fundo.
2. Acontece que tudo isto foi explicado e ditado por mim no começo do teste (em verdade quem teve este modelo acabou favorecido).
3. Estas, digamos, gralhas imprevistas acontecem mas o decisivo, o que importa, é como se resolvem - e foram oralmente resolvidas.
4. As questões relacionadas com as imagens valiam menos de 30%.
5. Apenas um dos testes usava a referida imagem e não há correlação deste teste com o grupo de alunos que obteve as piores notas.
6. Os erros ou omissões registados não se relacionavam com uma leitura meramente óptica mas, sim, com a sua interpretação em termos de «análise da paisagem geográfica».
7.O problema destes testes são as «questões abertas»: interpretar, escrever respostas completas, com sentido, sem omissões e com informação, enfim, geograficamente correcta.
8. O mais das vezes os alunos respondem com duas ou três palavras (substantivos), sem formar uma mera frase.
9. Acresce que o decisivo das valorizações não dependeu deste grupo de questões.
10. Existe um teste com 100% disponível para qualquer aluno fotocopiar,útil para detectar problemas estruturais nos testes menos bons.
Outros-esclarecimentos:
Uma preocupação com um filho ou um aluno é salutar mas deve-se ponderar o modo como nos expressamos.
O sujeito anónimo (porque não é de bom tom intervir sob anonimato, sobretudo se pretendemos seriedade), os factos incorrectos (necesssariamente incorrectos ou omissos, pois falta-lhe os dados que aqui descrevi) e uma entoação ambígua (sobretudo o «espero que para a próxima não se volte a repetir» que não se percebe se tem um sentido positivo e esperançoso ou um sentido negativo e ameaçador, ou seja, uma declaração ambígua que abre portas para a pior das hipóteses) levam o diálogo para terrenos inesperados.
Após tais esclarecimentos permita-me, caro comentador anónimo, a sugestão de que seria mais cordato usar a interrogativa ao expressar livremente a sua legítima preocupação.
5 comentários:
Caro Luís,
Sou estudante universitário de Engenharia do Ambiente na FCT e tive conhecimento deste blog através do blog "A Barriga de um Arquitecto". Tenho navegado por alguns dos seus links e seguido os seus posts e congratulo-o pelo excelente exemplo de utilização da tecnologia ao dispor para cumprir a sua função como docente. Os alunos interessados têm um meio de informação e troca de ideias constante e mesmo os pais podem comunicar mais fácilmente consigo.
Continuação de excelente trabalho!
André Alves
Caro colega:
Estou completamente solidário contigo. Também eu sou professor de geografia e também eu uso a internet, através de blogs, páginas, plataformas, etc. Também eu já fui alvo de "anonimato Enc. de educacação de aluno" (tenho mais de duzentos). De facto a internet é um instrumento fantástico de trabalho, mas há sempre alguém que ainda não percebeu: No meu caso chegaram-me a dizer que "não era uma boa ideia utilizar o computador como instrumento de trabalho"!!!!
Um abraço
Pedro Tildes Gomes
...Do anónimo, que agradece a resposta mas que, contrariamente ao que gostaria, também se vê na obrigação de responder aos seus comentário finais:
O sujeito anónimo (porque não é de bom tom intervir sob anonimato, sobretudo se pretendemos seriedade).....
R: O sujeito é anónimo e assim continuará, pois o dito, sabe perfeitamente que, não obstante se apregoe muito o interesse da participação dos pais na vida escolar, sempre que esta acontece, é rapidamente entendida como uma interferência inoportuna no dia-a-dia da instituição ou, quando personalizada, como um atentado à autoridade ou à capacidade pedagógica do professor.
Os factos incorrectos (necessariamente incorrectos ou omissos, pois falta-lhe os dados que aqui descrevi) :
R: Não me deveria faltar qualquer dado, vi o teste e vi as respostas, deveria ser suficiente. Um teste escrito não tem que ter comentários nem ajudas orais para poder realizar-se, e, se com estas explicações, só necessárias porque possivelmente não foi feita, como devia, uma prova do teste antes da sua impressão, se colocou em vantagem uma parte da turma, pior ainda.
…e uma entoação ambígua (sobretudo o «espero que para a próxima não se volte a repetir» que não se percebe se tem um sentido positivo e esperançoso ou um sentido negativo e ameaçador, ou seja, uma declaração ambígua que abre portas para a pior das hipóteses) levam o diálogo para terrenos inesperados.
R: A ambiguidade é frequentemente fruto da nossa imaginação, vivemos num mundo onde a desconfiança impera e, como tal, até às acções ou às frases mais simples, alguém acaba por atribuir um segundo significado, normalmente pouco abonatório. Quanto àquilo que escrevi, lamento desapontá-lo, mas não há qualquer ambiguidade, disse exactamente aquilo que pretendia, mas não posso impedir cada um de interpretar como muito bem entender. O Sr. por exemplo, fez as duas interpretações possíveis do texto, primeiro achou que eu devia ser apenas um pai preocupado e por isso, dá-se ao trabalho de explicar em várias alíneas a sua versão do sucedido. Possivelmente, ao escrever tudo isso, achou que não tinha nada que dar essas explicações, que afinal eu não estou a ser um pai preocupado, que estou mas é a ser um chato do caraças, a meter-me onde não sou chamado e isso levou-o a escrever o comentário final. Lamento que não tenha ficado pelo seu primeiro juízo, era o mais correcto.
Não espere mais diálogos destes da minha parte, nem por caminhos esperados nem por inesperados. Pode nesse sentido tranquilizar o seu amigo que num espírito corporativo que caracteriza a classe, logo veio manifestar a sua solidariedade. Já agora, aproveite para lhe dizer que é este espírito que obriga muitos pais a não procurar o contacto directo com os professores e outros, como é o meu caso, a manter o anonimato quando fazem esse contacto via Internet.
De mim, o que pode esperar é que continue a ser um pai interessado e atento. Espere da minha parte comentários, que interpretará como bem entender, mas que serão positivos ou negativos conforme a situação o justifique. Nesse sentido, aproveito para lhe dar os parabéns pelo Geografismos.com e pela manutenção do Blog. São não só técnica e culturalmente interessantes mas também uma excelente ferramenta de apoio às aulas presenciais.
Esclarecimento ao "Pai anónimo":
a)- Não conheço pessoalmente e, portanto, não sou amigo, do autor do Blog;
b)- O meu espírito mais corporativo tenderá a estar sempre mais perto do Pai, mesmo que anónimo, do que do professor, porque também sou pai e encarregado de ducação;
c)- Por isso, tenho as minhas prioridades bem definidas: 1ºlugar, os neus filhos, 2º, os meus filhos, 3º os meus filhos; depois virá a família e assim por diante, até chegar à profissão;
d) - Isto não significa que relegue os meus alunos a um estatuto secundário. Significa sim que, não há mau pai que dê bom professor, daí as minhas pririodades elencadas anteriormente. Mas também sei que há óptimos professores que não são pais.
e) - Continuo a achar que é uma falta de educação não tanto o anonimato (que considero simplesmente cobarde, porque também já fui vítima dele), mas o achar-se que um professor poderá prejudicar um aluno seja qual for a razão, sobretudo por declarações infelizes de um encarregado de educação.
Pedro Tildes Gomes
Os ânimos exaltaram-se e estas três excelentes pessoas defenderam-se com convicção. Desta discussão veio a luz e quem, como eu, a lê, sente que valeu a pena. Parabéns e muito obrigada aos três pela aprendizagem que me proporcionaram!
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