Dando algum enquadramento à tradição da praxe...
O PRAXISMO-JAVARDISMO
Antes da REACÇÃO contra a revolução do 25 de Abril de 1974, não havia praxe em Lisboa. O espírito crítico de um escol cultural, prevalente na Universidade, tinha padrões exigentes. Ensino superior não queria dizer ensino inferior. Era uma elevação sobre a miserável circunstância dominante. A praxe era considerada – e bem – COISA DE LABREGOS.
Em Coimbra, nos anos sessenta, após as críticas corajosas de Flávio Vara (“ O Espantalho da praxe…” 1958) e a chegada de uma geração mais desempoeirada, a praxe quase desapareceu. Reinstalaram-na depois com todo o seu fétido programa passadista.
A praxe é o abraço alcoolizado entre o ricaço marialvão, abrutalhado e analfabeto e o povoléu boçal e trauliteiro, folclorizando o servilismo medieval em vestes eclesiásticas. Ao fim e ao cabo, o velho Portugal alarve, mendigo, medievalóide e agachadinho, mas de telemóvel em riste.
Não se ponderem gradações entre um medievalismo civilizado e um medievalismo excessivo. Toda a praxe é desprezível. No estado a que as coisas, desgraçadamente, chegaram, proibir seria contraproducente. Mas há muitas formas de desencorajar. E os professores – que têm sido, aliás, de uma distracção cúmplice (mea culpa) – sabem isso bem.
Oxalá os estudantes se dêem conta de como foram inferiorizados e transformados em «jovens velhinhos» por uma súcia rasca.
Tanto mais que a situação assume contornos sinistros e mafiosos. Ao que parece, com “omertà” e tudo. Um atavismo lusitano vem fazer de hífen entre a tradição siciliana e o nórdico Nacional-Socialismo. Pior que mera COISA DE LABREGOS.
Mário de Carvalho em Meditação na Pastelaria
Praxes de risco já não eram novidade para vítimas mortais do Meco
Publicado em 2014-01-21
As vítimas do Meco passaram as últimas horas de vida em praxe e já estavam habituados a rituais de risco. O sobrevivente desta tragédia pode ser ouvido esta terça-feira, após uma primeira tentativa há uma semana.
Na tarde de sábado, de 14 de dezembro, aquando da chegada de Ana Catarina Soares, uma das seis vítimas mortais na Praia do Moinho, no Meco, à moradia alugada pela Comissão de Praxes da Lusófona, em Aiana de Cima, Sesimbra, os elementos masculinos do grupo cumpriam ordens à voz do sobrevivente João Gouveia.
Além das vítimas Tiago Campos e Pedro Negrão, debaixo dos gritos do 'Dux' (líder) já faziam flexões outros rapazes da Lusófona, a universidade que, ontem, anunciou um inquérito ao que se passou "durante o fim de semana em que ocorreram as mortes".
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