o sismo de 1969: o último grande sismo a ocorrer em Portugal Continental

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A intensidade do sismo de 28/03/1969 em Portugal Continental

Escala de Mercalli Modificada (1956)
Graus de intensidade sísmica


IImperceptívelNão sentido. Efeitos marginais e de longo período no caso de grandes sismos.
IIMuito fracoSentido pelas pessoas em repouso nos andares elevados de edifícios ou favoravelmente colocadas.
IIIFracoSentido dentro de casa. Os objectos pendentes baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos ligeiros. É possível estimar a duração mas pode não ser reconhecido como um sismo.
IVModeradoOs objectos suspensos baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes. Carros estacionados balançam. Janelas, portas e loiças tremem. Os vidros e as loiças chocam e tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira rangem.
VForteSentido fora de casa; pode ser avaliada a direcção do movimento; as pessoas são acordadas; os líquidos oscilam e alguns extravasam; pequenos objectos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados. As portas oscilam, fecham-se ou abrem-se. Os estores e os quadros movem-se. Os pêndulos de relógio param ou iniciam ou alteram o seu estado de oscilação.
VIBastante forteSentido por todos. Muitos assustam-se e correm para a rua. As pessoas sentem falta de segurança. Os pratos, as loiças, os vidros das janelas, os copos partem-se. Objectos ornamentais e livros caem das prateleiras. Os quadros caem das paredes. As mobílias movem-se ou tombam. Os estuques fracos e alvenarias de qualidade inferior (tipo D) fendem. Pequenos sinos tocam (igrejas e escolas). As árvores e arbustos são visivelmente agitadas e ouve-se o respectivo ruído.
VIIMuito forteÉ difícil permanecer em pé. É notado pelos condutores de automóveis. Objectos pendurados tremem. As mobílias partem. Verificam-se danos nas alvenarias de qualidade inferior (tipo D), incluindo fracturas. As chaminés fracas partem ao nível das coberturas. Queda de reboco, tijolos soltos, pedras, telhas, cornijas, parapeitos soltos e ornamentos arquitectónicos. Algumas fracturas nas alvenarias de qualidade intermédia (tipo C). Ondas nos tanques. Água turva com lodo. Pequenos desmoronamentos e abatimentos ao longo das margens de areia e de cascalho. Os grandes sinos tocam. Os diques de betão armado para irrigação são danificados.
VIIIRuinosoAfecta a condução dos automóveis. Danos nas alvenarias de qualidade intermédia (tipo C) com colapso parcial. Alguns danos na alvenaria de boa qualidade (tipo B) e nenhuns na alvenaria de qualidade superior (tipo A). Quedas de estuque e de algumas paredes de alvenaria. Torção e queda de chaminés, monumentos, torres e reservatórios elevados. As estruturas movem-se sobre as fundações, se não estão ligadas inferiormente. Os painéis soltos no enchimento de paredes são projectados. As estacarias enfraquecidas partem. Mudanças nos fluxos ou nas temperaturas das fontes e dos poços. Fracturas no chão húmido e nas vertentes escarpadas.
IXDesastrosoPânico geral. Alvenaria de qualidade inferior (tipo D) destruída; alvenaria de qualidade intermédia (tipo C) grandemente danificada, às vezes com completo colapso; as alvenarias de boa qualidade (tipo B) seriamente danificadas. Danos gerais nas fundações. As estruturas, quando não ligadas, deslocam-se das fundações. As estruturas são fortemente abanadas. Fracturas importantes no solo. Nos terrenos de aluvião dão-se ejecções de areia e lama; formam-se nascentes e crateras arenosas.
XDestruidorA maioria das alvenarias e das estruturas são destruídas com as suas fundações. Algumas estruturas de madeira bem construídas e pontes são destruídas. Danos sérios em barragens, diques e aterros. Grandes desmoronamentos de terrenos. As águas são arremessadas contra as muralhas que marginam os canais, rios e lagos; lodos são dispostos horizontalmente ao longo de praias e margens pouco inclinadas. Vias-férreas levemente deformadas.
XICatastróficoVias-férreas grandemente deformadas. Canalizações subterrâneas completamente avariadas.
XIICataclismoGrandes massas rochosas deslocadas. Conformação topográfica distorcida. Objectos atirados ao ar. Jamais registado no período histórico.






O SISMO DE 28 DE FEVEREIRO DE 1969:

Este sismo ocorreu às 02h40m, com a magnitude de 8.0 (MW) [símbolo de Magnitude de Momento que é uma escala sísmica relativamente semelhante à Escala de Richter] e epicentro localizado a SW do Cabo de São Vicente, cerca de 230km a SW de Lisboa.

A magnitude do sismo foi 7,3 na Escala de Richter, tendo sido sentido com o grau VI-VII da Escala Mercalli Modificada (MM56) em Lisboa e noutras localidades do continente.



A ORIGEM SÍSMICA:

O mecanismo focal foi estudado por muitos autores (López-Arroyo e Udías, 1972, McKenzie, 1972, Fukao, 1973, Buforn et al., 1988 e Grimison & Chen, 1988). Todos eles concluíram que o sismo foi gerado por uma falha inversa com uma orientação de 40-70º, um mergulho de cerca de 50º e uma pequena componente de desligamento esquerdo. Alguns autores (Grimison & Chen, 1988) sugeriram a possibilidade de se considerarem dois sub-eventos, sendo o segundo um desligamento puro.

Este sismo teve uma série de réplicas, algumas com magnitude suficientemente elevada para permitirem o estudo dos mecanismos focais, tendo esses resultados contribuído para a boa definição do plano de falha (orientação SW-NE) (Carrilho et al., 2010).

A profundidade do hipocentro foi determinada como sendo de 22 km (Lopez-Arroyo e Udias, 1972), 32 km (Grimison e Chen, 1988) e 33 km (Fukao, 1973). As dimensões da rutura foram estimadas como sendo 85 km (López-Arroyo e Udías 1972) ou 80 km (Fukao 1973). Consequentemente, as larguras atribuídas à rutura variaram entre 20km e 50km.- Miranda, J. M.; Carrilho F. (2014). "45 Anos do sismo de 28 de Fevereiro de 1969". IPMA, Lisboa


O TSUNAMI:

João Rocha, terceiro piloto da embarcação Manuel Alfredo, igualmente localizada na região do
epicentro, descreve:
“parecia que estávamos a andar por cima de rochas, que o navio subia escadas. Não recebendo ordensde cima parei as máquinas por julgar que encalháramos ... Não sabia onde mas dava a sensação de que obarco trepidava em cima de lajes.”
O mesmo tripulante continua: “ondas descomunais envolveram o barco, submergindo a proa. Era uma água castanha e espessa. E logo depois do tremor o mar ficou picado, com uma ondulação miudinha na crista das ondas, que também não é habitual ... Entretanto e durante horas, vagas anormalmente grandes balançaram o Manuel Alfredo. Eram ondas diferentes das usuais, mesmo as alterosas".

1 comentário:

Anónimo disse...

http://earth.nullschool.net/#current/wind/isobaric/850hPa/orthographic=-36.55,-25.32,407

http://www.atmos.albany.edu/student/kgriffin/maps/

http://www.helioviewer.org/