CRESCIMENTO ANUAL DE RIQUEZA: NÃO CORREU BEM
Este é um gráfico raro e que certamente nunca será levado para as salas de aula. Por norma os "gráficos de tendência" com divulgação pública nunca nos permitem conhecer as realidades económicas anteriores a 1974.
A tragédia do país começou em 1973 com o choque da crise petrolífera internacional e agravou-se com o golpe de estado do ano seguinte.
Em 1971 e 1972 conseguimos o máximo de crescimento anual de riqueza (PIB a acrescer acima de 10% ao ano), depois foi a lenta decadência para a estagnação e nos últimos 20 anos não passámos de crescimento económico quase nulo.
A dívida pública externa inexistente antes de 1974 voltou a disparar ainda no Verão desse ano. Certamente por pudor e evitar embaraços politicamente incorretos, os autores optaram por apresentar dados apenas de 1996 para cima.
A grande questão é saber por que motivo, a uma época de crescimento excepcional entre os anos 50 e 1973, se seguiram três décadas e meia de comportamento tão decepcionante. Em 1974, chegavam ao fim quase 30 anos de crescimento ininterrupto.
Nunca, durante tanto tempo, a economia cresceu tão depressa ou voltaria a crescer. Foi a versão portuguesa daquilo a que em França se chamou «les trinte glorieuses» ou, nos países anglo-saxónicos, a «Golden Age» do crescimento económico do pós-guerra.
Luciano Amaral in "Economia Portuguesa, As Últimas Décadas".